domingo, 26 de dezembro de 2021

Idanha a Velha

                                          Panorâmica
Idanha-a-Velha pequena aldeia de ambiente pitoresco,
pelo notável conjunto de ruínas que conserva, ocupa
um lugar de realce no contexto das estações arqueológicas
do País. Ergue-se no espaço onde outrora existiu uma
cidade de fundação romana (séc. I a.C.), inserida no
território da Civitas Igaeditanorum, tendo sido, mais
tarde, município romano. Uma inscrição datada do
ano 16 a.C., onde consta que Quintus Tallius, cidadão
da Emerita Augusta (Mérida) "deu de boa vontade um
relógio aos Igeditanos", testemunha a existência no
núcleo urbano nesse momento cronológico. Em 105,
a povoação aparece referida numa inscrição da monumental
ponte de Alcântara, importante obra de engenharia romana,
como um dos municípios que contribuíram para a sua construção.
Diversos vestígios evidenciam, ainda hoje, essa permanência
civilizacional: entre outros, o podium de um templo no qual
assenta a Torre dos Templários; a Porta Norte e respetiva
muralha; um conjunto excecional de inscrições de diversas
tipologias e variado espólio disperso. A povoação conheceu
no período visigótico, sob o nome da Egitânia, momentos
áureos de desenvolvimento, tendo sido sede de diocese desde
599 e centro de cunhagem de moeda em ouro (trientes).
São testemunhos materiais desse período, o Baptistério
 e ruínas anexas do "Palácio dos Bispos" e a designada
"Sé Catedral", esta com profundas alterações arquitetónicas
 posteriores. Os Árabes ocuparam a cidade até à sua tomada
 por D. Afonso III, Rei de Leão, durante a reconquista, fazia
 já parte integrante do Condado Portucalense aquando da
 fundação de Portugal. Mais tarde D. Afonso Henriques
 entregou-a aos Templários. Em 1229 D. Sancho II deu-lhe
 foral. D. Dinis incluiu-a na Ordem de Cristo (1319),
 seguindo-se outras tentativas de repovoamento. D. Manuel I,
 em 1510, institui-lhe novo foral de que o Pelourinho ainda
 é testemunho. Em 1762 figurava como vila, na comarca de
 Castelo Branco; em 1811, ficava anexa a Idanha-a-Nova;
 em 1821 tornava-se sede de um pequeno concelho, extinto
 em 1836.




Porta Norte
A cidade romana foi dotada de uma muralha entre o final
do séc. II e o início do séc. IV d.C.. O recinto apresenta uma
planta ovalada, adaptada às irregularidades do terreno,
com um perímetro de cerca de 750 m O muro, de robusta
feitura, reutiliza abundantes materiais de construções anteriores.
É reforçado com torres perimetrais semicirculares e retangulares
regularmente espaçadas. A construção da muralha reduziu a
área urbana; de fora ficaram parcelas importantes da cidade,
como, por exemplo, casas de habitação e umas termas.
Mais tarde, durante a ocupação muçulmana a muralha conhecerá
alguns restauros e consolidações que, segundo parece, não
modificaram grandemente a sua fisionomia. Os Templários
parecem ter usado a fortaleza como uma cerca, pontualmente
reparada. A Porta Norte que permitiria o acesso ao interior
da cidade possui 3 arcos de volta perfeita,












Casa da Velha Fonte na Casa da Amoreira:
inspiração romana e produtos bio.
A experiência gastronómica do único restaurante
de Idanha-a-Velha parte do receituário milenar de
Apício e dos gregos, até à produção biológica dos
nossos dias. Parte da inspiração de Maria Caldeira de Sousa
partiu das dezenas de receitas deixadas pelo romano Apício,
que terá nascido por volta de 25 a.C., “bebendo”
também dos gregos. Molhos, temperos, abordagem
saudável e a “alegria dos pratos” foram valorizados
pela cozinheira. “Ele usava muito a comida para
curar, muitas ervas aromáticas. Havia ervas ou
especiarias que podiam chegar a custar entre sete
a 13 gramas de ouro!”, conta. 
Maria desenvolveu um
menu de autor, sem desperdícios e em que tudo é feito na hora
usando produtos frescos, o máximo possível locais e “até 85%
com certificação biológica”.


Tive o prazer de aqui almoçar. Um almoço que nunca
mais esquecerei, embora carote mereceu o preço!
Convém telefonar com antecedência, pois o restaurante
é pequeno, e como o comer é feito na altura
torna-se demorado.


Porta Sul

                                      Este tramo de muralha e porta foi reconstruído nos finais
                                      da década de 1960, onde então se supunha ter existido uma
                                      porta romana, designada Porta do Ponsul ou Porta Sul.
                                      Porém, posteriores escavações arqueológicas aqui realizadas
                                      mostraram que no período romano tardio a porta não existia.
                                      Havia, antes, uma poterna, permitindo exclusivamente a
                                      passagem a peões.


IGREJA DE SANTA MARIA (SÉ CATEDRAL)





CASA GRANDE (SOLAR DA FAMÍLIA MARROCOS)

                                        A Casa é uma obra do século XX erigida pela principal
                                        família de proprietários rurais locais. O projeto cresceu
                                        sobre uma casa anterior, condicionando a nova planta.
                                        É de estilo eclético, mas alinhado com o gosto
                                        “português suave”, autoria de um projetista desconhecido.
                                        É notável, sobretudo, pelo apuro construtivo, mormente na
                                        cantaria artística. A obra foi suspensa nos anos 50, ficando
                                        os interiores inacabados.











Torre dos Templário
Os Templários reduziram o centro defensivo a um
pequeno Castelo, sendo a Torre de Menagem o único
vestígio visível do que dele resta. Foi construída em
meados do século XIII, como prova a inscrição datada
de 1245 que se encontra no tímpano da porta de acesso
no segundo piso.




A Igreja Matriz outrora antiga Misericórdia, apresenta
um estilo renascentista (século XVII-XVIII) com influências
populares. Possui um importante conjunto de arte sacra,
como “a tela com a Senhora da Misericórdia do século XVII
e uma imagem barroca de Cristo crucificado”. Possui uma
planta retangular de uma única nave com “capela-mor inscrita,
sobrelevada e rodeada por bancada para assento da irmandade,
de inícios do século XVII. Na sua fachada está uma porta com
arco de volta perfeita, com uma Cruz de Tau “envolvida por
seis contas e encimada por exíguo nicho”.




Pelourinho
Símbolo de autonomia municipal de Idanha-a-Velha,
encontra-se localizado no Largo da Igreja é de estilo
manuelino e classificado como Imóvel de Interesse Público.
Presume-se que seja do ano de 1510, ano do foral outorgado
por D. Manuel I. Plataforma redonda de três degraus;
fuste oitavado, de faces côncava, encaixado numa base
quadrada, com uma roseta em cada um dos cantos
chanfrados. Capitel paralelepipédico, de base redonda,
nas faces tem escudos apagados e nos cantos a esfera
armilar, as armas reais, a cruz de Cristo e um motivo
heráldico não identificado. Remate em forma de pináculo
encimado por uma grimpa de ferro em cruz. A coluna
ainda conserva restos dos ferros de sujeição.













Capela do Espirito Santo
Esta pequena capela é uma construção do século XVI - XVII.
O edifício apresenta uma planta de uma única nave e
capela-mor. Teve recentes obras de reabilitação.
No Largo do Espírito Santo realizam-se as festas locais
com destaque para a festa anual Nossa Senhora
da Conceição padroeira da paróquia.

 

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