quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Santa Comba Dão

Lenda de Santa Comba Dão
Nas margens do Rio Om existiu um convento onde habitavam meia 
centena de jovens freiras, virgens consagradas ao Senhor.
Comba era o nome de uma madre abadessa que jovem se tornou mártir
 e santa: Santa Comba.
No tempo em que os Mouros conquistaram as terras dos Cristãos, avançando
 para norte, existiu um valoroso rei mouro, de nome Almançor. Após a 
tomada de Coimbra, o rei Almançor e as suas hostes acabaram por se
 aproximar do convento onde as freiras, já sabendo da terrível notícia,
 rezavam de forma a dominar o medo que as consumia.
A calma triste e sombria do interior do templo contrastava com o ruído
 da peleja e com o clima de morte que pairava no exterior.
Estando as irmãs absortas nas suas orações, bateram à porta com violência.
 A madre Comba recomendou-lhes calma, não as deixando sair do local 
do culto. Espreitando pelo postigo, apercebeu-se que as terríveis suspeitas
 se concretizavam: do outro lado da porta encontrava-se um jovem sarraceno.
Resolveu ganhar tempo alimentando uma conversa no decorrer da qual ficou
 a saber que o rei Almançor tinha ordenado ao jovem Aben Abdallah que
 tomasse para si e para os seus soldados as freiras do convento da margem
 do Rio Om.
Ao saber o que as esperava, a madre pediu que as matasse a todas, ao que 
o homem retorquiu não poder destruir o que lhes viria a servir. Impaciente,
 acabou por pôr a descoberto o rosto de Comba e, ficando admirado com
 a sua juventude e beleza, reservou-a para si. Zangado, ameaçou que se 
as conversas não terminassem por ali, entraria à força no convento.
A madre abadessa, percebendo que nada poderia fazer para poupar as monjas 
ao seu destino cruel, deixou passar o primeiro soldado de Aben Abdallah.
 Este ficou igualmente espantado com a beleza e juventude de muitas freiras
 e não demorou muito a demonstrar a sua preferência.
Comba chamou a freirinha, beijou-a na testa e a este sinal a jovem sacou 
do hábito um punhal que cravou no coração. Todas as monjas repetiram o 
gesto e tombaram inanimadas.
O guerreiro, aterrorizado e perplexo, fugiu chamando pelo seu chefe,
 que se precipitou no convento. À sua frente a sangrenta cena! Procurou 
desesperado pela sua preferida, mas Comba jazia nos braços das suas 
companheiras.
Quando Aben Abdallah contou o sucedido ao grande Almançor este 
não conteve a sua fúria e desdenhoso vociferou: “Porque não as
 mataram logo? Essas mulheres não sabem ser gente! “.
Mas os milagres do martírio da jovem bela abadessa permaneceram
 na memória do povo.
No local do convento surgiu uma povoação que, para se distinguir de 
Santa Comba do Alentejo e por se situar nas margens do Rio Om, 
se passou a chamar Comba D’Om. Com o decorrer do tempo o nome 
evoluiu para Santa Comba Dão..

          

Santa Comba Dão é uma bonita cidade, sede de concelho,
situada na fértil região de Dão-Lafões, um local de grande
produção agrícola, marcadamente rural, famosa por ser
a terra natal de António de Oliveira Salazar, ditador
Português que governou o País entre 1932 e 1968.
O centro histórico da cidade mantém o seu gracioso
aspeto rural e típico, caracterizado pela sua arquitetura
tradicional de traçado medieval, usualmente granítica,
pelas pequenas praças e largos de grande encanto,
como o célebre Rossio ou o Largo do Município,
e uma grande paz de espírito.
Em Santa Comba Dão respira-se história, tal o encanto
das suas ruas e segredos de cada canto, que parecem
perdidos no tempo. Monumentos como a barroca
Igreja Matriz do século XVIII, a Igreja da Misericórdia
também do século XVIII, a elegante Casa dos Arcos,
um solar brasonado onde passaram ilustres visitantes
como a Rainha Catarina de Inglaterra em 1692, hoje
albergando a nobre Biblioteca Municipal, o airoso Pelourinho
de pinha piramidal, ou mesmo a graciosa Ponte Românica
sobre o Ribeiro das Hortas.
Dada a fertilidade destes solos, são visíveis pela região
diversas casas senhoriais e brasonadas dos “senhores da terra”,
que espelham a riqueza produzida pela agricultura como é o
caso da já referida Casa dos Arcos ou da próxima Casa de
Joaquim Alves Mateus do século XVI, entre outras.










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