Lenda de Santa Comba Dão
Nas margens do Rio Om existiu um convento onde habitavam meia centena de jovens freiras, virgens consagradas ao Senhor.
Comba era o nome de uma madre abadessa que jovem se tornou mártir e santa: Santa Comba.
No tempo em que os Mouros conquistaram as terras dos Cristãos, avançando para norte, existiu um valoroso rei mouro, de nome Almançor. Após a tomada de Coimbra, o rei Almançor e as suas hostes acabaram por se aproximar do convento onde as freiras, já sabendo da terrível notícia, rezavam de forma a dominar o medo que as consumia.
A calma triste e sombria do interior do templo contrastava com o ruído da peleja e com o clima de morte que pairava no exterior.
Estando as irmãs absortas nas suas orações, bateram à porta com violência. A madre Comba recomendou-lhes calma, não as deixando sair do local do culto. Espreitando pelo postigo, apercebeu-se que as terríveis suspeitas se concretizavam: do outro lado da porta encontrava-se um jovem sarraceno.
Resolveu ganhar tempo alimentando uma conversa no decorrer da qual ficou a saber que o rei Almançor tinha ordenado ao jovem Aben Abdallah que tomasse para si e para os seus soldados as freiras do convento da margem do Rio Om.
Ao saber o que as esperava, a madre pediu que as matasse a todas, ao que o homem retorquiu não poder destruir o que lhes viria a servir. Impaciente, acabou por pôr a descoberto o rosto de Comba e, ficando admirado com a sua juventude e beleza, reservou-a para si. Zangado, ameaçou que se as conversas não terminassem por ali, entraria à força no convento.
A madre abadessa, percebendo que nada poderia fazer para poupar as monjas ao seu destino cruel, deixou passar o primeiro soldado de Aben Abdallah. Este ficou igualmente espantado com a beleza e juventude de muitas freiras e não demorou muito a demonstrar a sua preferência.
Comba chamou a freirinha, beijou-a na testa e a este sinal a jovem sacou do hábito um punhal que cravou no coração. Todas as monjas repetiram o gesto e tombaram inanimadas.
O guerreiro, aterrorizado e perplexo, fugiu chamando pelo seu chefe, que se precipitou no convento. À sua frente a sangrenta cena! Procurou desesperado pela sua preferida, mas Comba jazia nos braços das suas companheiras.
Quando Aben Abdallah contou o sucedido ao grande Almançor este não conteve a sua fúria e desdenhoso vociferou: “Porque não as mataram logo? Essas mulheres não sabem ser gente! “.
Mas os milagres do martírio da jovem bela abadessa permaneceram na memória do povo.
No local do convento surgiu uma povoação que, para se distinguir de Santa Comba do Alentejo e por se situar nas margens do Rio Om, se passou a chamar Comba D’Om. Com o decorrer do tempo o nome evoluiu para Santa Comba Dão.. |
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