domingo, 28 de maio de 2017

Olivença



A origem de Olivença está ligada à reconquista cristã da
região fronteira a Elvas pelos Templários idos do Reino de
Portugal, cerca do ano de 1230. Nesse território a Ordem
criou a comenda de Oliventia, erigindo um templo a Santa
Maria e levantando um castelo. No final do século, pelo
Tratado de Alcanices, assinado em 1297 entre o Rei D. Dinis
e Fernando IV de Castela, Olivença seria formalmente
incorporada em Portugal, pera sempre, juntamente com
Campo Maior, Ouguela e os territórios de Riba-Côa, em
escambo com Aroche e Aracena.
De imediato, D. Dinis elevou a antiga povoação à categoria
de vila, outorgando-lhe foral em 1298, determinou a reconstrução
da fortificação templária e impulsionou o seu povoamento.
Os seus sucessores reforçaram sucessivamente a posição
estratégica de Olivença, concedendo privilégios e regalias
aos moradores e realizando importantes obras defensivas.
Em 1488 D. João II levantou a impressionante torre de menagem
de 40 m de altura.
Em 1509 D. Manuel iniciou a construção de uma soberba ponte
fortificada sobre o Guadiana, a Ponte da Ajuda, com 19 arcos
e tabuleiro de 450 metros de extensão. Do reinado de D. Manuel,
que deu foral novo em 1510, datam também outras notáveis
construções como a Igreja da Madalena (por muitos considerada
como o expoente, depois do Mosteiro dos Jerónimos, do manuelino),
a Santa Casa da Misericórdia ou o portal das Casas Consistoriais.
Seguindo-se ao esplendor do século XVI português, dá-se a união
dinástica filipina, entre 1580 e 1640. A pertença de Olivença a Portugal
não é questionada. No dia 4 de Dezembro de 1640, chegada a notícia
da Restauração em Lisboa, a praça aclama com júbilo D. João IV e é
envolvida totalmente na guerra que se segue (1640/1668), período
em que se inicia o levantamento das suas fortificações abaluartadas,
cuja construção se dilataria durante a centúria seguinte. No decurso do
conflito, Olivença foi ocupada em 1657 pelo Duque de San Germán e,
na circunstância, a totalidade da população abandonou a vila e
refugiou-se junto de Elvas, só regressando a suas casas quando
foi assinada a paz (1668) e as tropas castelhanas abandonaram
a praça e o concelho.
O século XVIII inicia-se com um novo conflito bélico - a Guerra
de Sucessão de Espanha -, em cujo transcurso foi destruída a Ponte
da Ajuda (1709). A posição de Olivença tornou-se assim especialmente
vulnerável.
Em 20 de Janeiro de 1801, Espanha, cínica e manhosamente concertada
com a França Napoleónica, sem qualquer pretexto ou motivo válido,
declara guerra a Portugal e, em 20 de Maio, invade o nosso território,
ocupando grande parte do Alto-Alentejo, na torpe e aleivosa
«Guerra das Laranjas». Comandadas pelo «Generalíssimo»
Manuel Godoy, favorito da rainha, as tropas espanholas cercam e
tomam Olivença.
Portugal, vencido às exigências de Napoleão e de Carlos IV, entregou
a Espanha, «em qualidade de conquista», a «Praça de Olivença,
seu território e povos desde o Guadiana», assinando em 6 de Junho
o «Tratado de Badajoz», iníqua conclusão de um latrocínio.
«Cedeu-se» Olivença, terra entranhadamente portuguesa que participara
na formação e consolidação do Reino, no florescimento da cultura
nacional, nas glórias e misérias dos Descobrimentos, na tragédia de Alcácer-Quibir,
na Restauração!
Findas as Guerras Napoleónicas, reuniu-se, com a participação de
Portugal e Espanha, o Congresso de Viena, concluído em 9 de Junho
de 1815 com a assinatura da Acta Final pelos plenipotenciários,
entre eles Metternich, Talleyrand e D. Pedro de Sousa Holstein, futuro
Duque de Palmela.
O Congresso retirou, formalmente, qualquer força jurídica a anteriores
tratados que contradissessem a «Nova Carta Europeia». Foi o caso
do «Tratado de Badajoz». E consagrou, solenemente, a ilegitimidade
da retenção de Olivença por Espanha, reconhecendo os direitos de Portugal.
Na Acta Final, apoio jurídico da nova ordem europeia, prescrevia o seu art.º 105.º:
Espanha assinou o tratado, em 7 de Maio de 1807 e assim reconheceu os direitos
de Portugal. Volvidos 200 anos, o Estado vizinho não deu, porém, provas do
carácter honrado, altivo e nobre que diz ser seu, jamais nos devolvendo Olivença.
Mas em terras oliventinas, sofridos dois séculos de brutal, persistente e insidiosa
repressão castelhanizante (hoje, falar-se-ia de genocídio e crimes contra a
Humanidade…), tudo o que estrutura e molda uma comunidade, a
sua História, cultura, tradições, língua, permaneceu e permanece pleno de
portugalidade!
Separados do povo a que pertencem, da sua cultura, da sua língua, alienados
da Pátria que é a sua, em austeros e silenciosos duzentos anos, os oliventinos
preservam o espírito português e demonstram, pelo sentir da maior parte, não
renunciar às suas raízes.
























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