quarta-feira, 29 de abril de 2020

Santo Antão do Tojal - Entre o Sagrado e o Profano

Uma viagem pelo património edificado de afirmação barroca,
sob a égide faustosa do reinado de D. João V e a arquitetura

ao serviço de D. Tomás de Almeida, primeiro patriarca de Lisboa,

numa corte em Santo Antão do Tojal.
O século XVIII, em Portugal, foi dos períodos históricos mais
relevantes, em termos de produção artística, consequência, entre outros
factores, das muitas riquezas que advinham dos territórios brasileiros,
onde se destacava o ouro e os diamantes, que permitiram um clima
de grande desafogo económico.
Sob o reinado de D. João V, o rei ‘Magnânimo’, foram muitas as
mudanças ocorridas nos mais variados campos da vivência lusa,
algo que ficou patente, desde logo, nas artes. Num período
de grande opulência, pautado por uma política régia de engrandecimento
da pessoa do monarca e do seu reino, encomendando obras várias,
da pintura à arquitectura, também os grandes do
reino usufruíram desta abundância colossal, mimetizando o soberano. D. Tomás de Almeida foi um dos nobres que seguiu o exemplo da
política joanina. Como nobre e grande senhor da Igreja, D. Tomás tem a
sua trajectória eclesiástica marcada pela encomenda de várias obras de arte,
sobressaindo o paço de Santo Antão do Tojal e os seus jardins. Conjugando arte e natureza, fruto da sua erudição, o então patriarca
de Lisboa ergue uma nobre residência onde os espaços verdes são
cuidadosamente pensados e elaborados, criando-se um espaço de lazer
e deleite para o seu patrono mas também para os distintos convidados
que recebia, onde se incluía a família real.

Chafariz monumental no Palácio da Mitra.





Igreja de Santo Antão do Tojal

Foi fundada no século XIII e reedificada em 1554 pelo arcebispo de Lisboa,
D. Fernando Vasconcelos e Menezes, e reconstruída em 1730 pelo primeiro
patriarca de Lisboa, D. Tomás de Almeida. Na fachada destacam-se, ao centro
a imagem de Nossa Senhora da Conceição e um frontão encimado pela cruz
arquiepiscopal, do lado esquerdo a imagem da rainha Santa Isabel e, do lado 
direito, a de São Bruno. A torre sineira, coroada nos quatro lados, dispõe de
três sinos do século XVIII. Na galilé pode observar o
revestimento de azulejos setecentistas. O interior é simples, pois sofreu muitos
danos na I República.























Palácio da Mitra, vulgarmente conhecido como Palácio
dos Arcebispos é uma antiga residência de veraneio, primeiro
dos Arcebispos, e depois,dos Patriarcas de Lisboa, situando-se na 
freguesia de Santo Antão do Tojal,em Loures.

Já o primitivo palácio conhecido foi mandado construir pelo arcebispo
D. Fernando de Vasconcelos, cerca de 1554 (sendo este arcebispo
também o responsável pela construção da Igreja Matriz de Santo Antão do Tojal).
Este palácio, por sua vez, veio substituir uma primitiva casa do 
século XIII e que
pertencia à 
Mitra de Lisboa. No século XVIII, o primeiro patriarca de Lisboa,

D. Tomás de Almeida, mandou reconstruí-lo em estilo barroco, ao gosto da época.
O arquitecto responsável pela actual traça foi o 
italiano Canevari que nele
trabalhou até 
1732.


No interior, a típica azulejaria portuguesa do século XVIII, em azul
branco, caracteriza-se pela riqueza temática e grande qualidade
pictórica (representações das 
estações do ano, cenas 

campestresvenatórias ou de pesca, figuras mitológicas
nas cozinhas surgem representados temas culinários). Alguns dos
azulejos foram mais tarde trasladados para o Paço Patriarcal de

São Vicente de Fora e encontram-se hoje no Museu Nacional de
Arte Antiga
.

















Casa do Gaiato
Américo Monteiro de Aguiar, mais conhecido por Padre Américo,
foi um importante benfeitor português que dedicou a sua vida aos 
mais carenciados, principalmente jovens, que se traduziu em inúmeras
realizações, das quais a mais conhecida e relevante, a Casa do Gaiato.
Situado na vila de Santo Antão do Tojal o Palácio da Mitra, ou Palácio
dos Arcebispos, outrora propriedade do Patriarcado de Lisboa, bem
como o Jardim e a grande quinta do Palácio foram transformados em
1946 no Lar de Acolhimento Casa do Gaiato, fundado pelo Padre Américo.
A 04 de Janeiro de 1948 seria inaugurada a Casa do Gaiato de Lisboa,
situada na quinta da Mitra, em Santo Antão do Tojal, em Loures.





Depois de darmos à Casa do Gaiatos roupas que levava-mos, fazia-mos
aqui umas jogatanas de convívio e confraternização, entre colegas da
empresa onde trabalhei, culminando num almoço no ex. restaurante o Garida.
Belos tempos!






Aqueduto

Mandado construir por D. Tomás de Almeida era alimentado por uma
nascente em Pinteus, que abastecia o Chafariz e a Fonte Monumental.
Tem dois quilómetros de comprimento e está assente em mais de 90 arcos,
sendo que o mais largo se abre sobre a estrada nacional.


Na estrada nacional

Chafariz

Construído na mesma época, é conhecido como Chafariz dos Arcos. 
Tem um único tanque, que recebe água de um mascarão. Possui um
baixo-relevo em pedra, que representa as tormentas do Purgatório, 
e uma inscrição a solicitar orações como pagamento para quem bebesse
da sua água.